Finalmente terminou a campanha.
Finalmente apagaram os stencils "não me mates" "só tenho 10 semanas" estampados nas escadas do metro, finalmente se calaram as vozes de criancinhas na praça da figueira "ama a vida que tens em ti", finalmente pararam de repetir e repetir e repetir os mesmos argumentos para mudar opiniões. Gostava de conhecer alguém que tenha mudado de opinião durante a campanha.
Depois de amanhã finalmente se parará de falar no assunto, mas cepticamente não sei se algo vai mudar. Porque mais que a lei, o que eu gostava é que houvesse uma mudança de mentalidades.
No fundo estou como a Batukada, triste, acho que desde 1998 que estou triste. Não entendo porque há um referendo, não entendo porque é que a resposta não é clara, não entendo como metade do meu país pensa de um modo tão distinto do meu e não entendo também aqueles que nem sequer se manifestam, abstendo-se de uma opinião.
Em 1998 ainda não podia votar e senti-me estrangeira no meu próprio país, sentimento cada vez mais frequente, mas amanhã pelo menos vou poder manifestar a minha opinião.
Até segunda.
:(
ReplyDeletea sério que tentei falar com os sim.. com alguns consegui, com outros deixei-me irritar, mas com muitos outros nem sequer consegui ser escutada..
fica o outro lado da moeda, directo e sem meias tintas:
finalmente acabaram as acusações de hipocrisia, ingenuidade, fundamentalismo, de ser tia/beta..
finalmente acabaram os disparates ouvidos em relação à actual lei (sim, muitos não sabiam a actual lei), os argumentos de uma falta de esperança - porque a criança vem para sofrer, porque a mãe não tem condições, porque mais vale resolver o assunto antes - a fuga à questão da vida - desde o coisa, ao amontoado de células, com a maioria ficando no é menos vida que a minha vida.
Finalmente vão tirar os cartazes do não que foram bombardeados com tinta branca na margem sul (seriam de incómoda leitura, obrigariam a um exercício insuportável de tolerância, supostamente quando os do não é que são intolerantes?).
Finalmente vão deixar de usar a questão do aborto para descarregar as suas frustrações e revoltas com o catolicismo.
Finalmente parou tudo isso e fica um sim que abre a porta para o aborto livre.
E os fetos de 10 semanas que tantos se recusam a chamar de bebés - excepto quando foram as 10 semanas dos seus próprios filhos mais ou menos desejados ou dos filhos dos amigos - podem ser mortos (não encontro um eufemismo sinónimo) de uma forma higiénica num estabelecimento supostamente de saúde..
milene